quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Germes da carnificina

Hoje estou como Augusto dos Anjos

Sentindo na boca o gosto do vômito

Chega embrulhar o estômago de nojo

Parece que vou morrer de mal súbito


Minhas juntas do corpo estão doidas

Como estivesse a sofrer de quebranto

Maltratei a minha carne na juventude

Eram madrugadas inteiras na boemia


Germes da carnificina estão a espera

Os operários eficientes  da destruição

Vão se preparando desde da véspera


Não ver a hora de devorar o que resta

Lançado contra mim os afiados dentes

Ao final um punhado de areia é a sobra 



Osvaldo Teles

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