Olhei no espelho

Olhei no espelho em busca de vestígios
Querendo achar traços de mim mesmo
Não via a sombra daquele que fui um dia
Que ficaram esquecidos no subconsciente

Fiz um longa viagem no centro do íntimo
Um vazio enorme tomou conta do coração
Conectei com o meu mundo interiorano
Atrás da paz que um dia tinha perdido

Interiorizei tentando encontrar com Deus
Porém as coisas mundana me afastou
O mundo exterior causava-me fascínio
A felicidade momentânea era que tinha

Pensei que iria encontrá-la lá fora
Que nada ela estava presa aqui dentro
Prestes a,explodir em forma de sorriso
Muitas coisas quiseram desviar o foco

As tentações eram inúmeras no caminho
Mas seguirei entre dúvidas e incertezas
Surgiam a cada esquina um campo vasto
Para trilhar em busca do elo perdido

Osvaldo Teles

Deixa ir

Se o amor acabou deixa ir embora
Sendo ele eterno enquanto dura
Abre a porteira e ganha a liberdade
Vai bater asas por outras paragens

Ficando comigo apenas as lembranças
Aqui dentro fica um buraco imenso
Vou me aventurar por novos caminhos
Olharei para trás na certeza do recomeço

É melhor sofrer alguns momentos
Do que viver uma vida de ilusão
O que resta é pensar no que passou
Preparando para um futuro incerto

Na certeza o que precisava ser feito
Foi feito com muita dedicação e carinho
Mas o amor e vivenciado a dois corações
Não nasci para ser masoquista

Quando acaba o outro não é avisado
Na hora certa o amor verdadeiro
Sei que vai acontecer de verdade
Trazendo de volta um riso no rosto

Osvaldo Teles

Evidências

Não via a hora de despojar a deusa Vênus
Idealizei na mente todos os acontecimentos
Adentrava com as suas vestes transparentes
O seu cheiro exalava pelos seus poros

Somos dominados por um clímax erótico
Nos seus braços me entregar por inteiro
Neste momento amar era o que importava
Intensificando as realizações das fantasias

O erotismo aflorou estava a flor da pele
Deixando as evidências espalhadas pelo leito
Evidenciando uma bela noite de amor intenso
Roupas esparramadas pelo chão do quarto

Um novo ser maravilhoso a mim é revelado
Garrafas de vinho vazias em cima da cômoda
As taças vazias denunciam embriaguez
Dois seres extasiados jogados sobre a cama

Quebramos as correntes que nos prendiam
O pudor ficou lá fora só o amor que entrou
Fui despido de toda as mágoas para lhe ter
Levando a um estado de satisfação d’alma

Osvaldo Teles

Encantamento causastes

Tudo começou quando os olhares
Cruzaram-se de uma forma arrebatadora
Encantamento causastes com seu jeito
Ia sendo consumido pelo fogo da paixão

Pelos olhos parecia sair muitas faíscas
Quis consumar o amor que acabou nascer
Na vontade de ser possuído pelo teu amor
De uma forma que tirasse o meu fôlego

Deixando a minha respiração ofegante
Só queria a sua aceitação para a entrega
Para que a entrega seja pura e plena
Em suas carícias o corpo entra em transe

Fui levado a encontrar o essência da vida
Um querer repentino tomou de supetão
Amei e tive a sensação de ser amado
Ao beijar os seus doces lábios carnudos

Distilei a bebida adocicada do prazer
Via em seus traços a perfeição Divina
Fostes desenhada em uma linda mulher
Com o semblante de uma bela deusa

Osvaldo Teles

Quantas noites

Amor meu quantas noites o sono não vem
Sentindo a falta que sua distância me faz
Fixei a visão em uma só direção em você
Entro no túnel do tempo em busca do elo

Que se partiu no decorrer da linha do tempo
Passo as mãos pela cama a sua procura
O lençol gélido estar pronto para me receber
Tentei encontrar os seus vestígios sobre ele

Procurei em algum lugar do subconsciente
Lá estavas guardada nas reminiscências
Na profundidade das lembranças esquecidas
Queria ter você entregue nos meus braços

Anseio que os ponteiros avancem devagar
No cantar do galo despertar feliz para vida
Passando vagarosamente num pestanejar
Prestes estava a alvorada a despertar

Gostaria de estar envolvido em seus beijos
Fazendo do seu dengo o sonífero perfeito
O relaxante natural das intensas tensões
Perdão procurei no seu penetrante olhar

Osvaldo Teles

Uma parte de mim

Uma parte de mim o tempo levou
Deixando na face as suas marcas
Na alma ficaram os aprendizados
A outra ficaram as reminiscências

De um passado de muitas batalhas
Um presente de muitas glórias
Apagando da memória as derrotas
Fazendo de cada queda uma lição

Uma metade quer que eu guarde
Todos os meus momentos gloriosos
A outra quer que apague da mente
Todas minhas experiências negativas

Nestes dilemas vou me envolvendo
Desprendendo nos olhos as ilusões
Confusas ficam as minhas ideias
Só quero que o tempo faça seu papel

Arrumando a bagunça do coração
Apaziguando as inquietações do ser
Ilustrações daquele que fui um dia
Só mesmo nas minhas recordações

Osvaldo Teles

Alimentando os sonhos

Por vezes não fui compreendido
Viajei como o pequeno Príncipe
Em busca de novos horizontes
Coloquei um redoma sobre mim

Para me proteger dos meteoritos
Deixei para trás o meu asteróide
Querendo explorar novos planetas
Ficando ali pedaço da existência

Lá ficou a minha perfumada rosa
Entre uma estrela e outra vi a bela
Que cativou-me se tornando única
Tornei-me eterno responsável por ela

Alimentando os sonhos de menino
Abandonei os velhos princípios
Levando apenas os bons momentos
Fui conhecer o resto do universo

Indo além do meu próprio mundo
Não ficando preso ao meu umbigo
Um mundo fantástico foi revelado
Tinha a via láctea para desvendar

Osvaldo Teles

Loucura

Tic tac os ponteiros avançam
Vamos ficando presos no quarto
O seu perfume vai me seduzindo
As suas vestes me deixam louco

Loucura as ideias entram em ebulição
A lucidez foge do meus atos
Débil me torno na sua presença
O sangue está em efervescência

As emoções entram em colapso
A pele queima com a sua ardência
O pesadelo se esconde diante
Dos maravilhosos teus devaneios

Encontrei-te muitas vezes nos meus sonhos
Frutos de vivenciarmos este amor
Cheio de ternura e muita compreensão
Arrastando para o planeta dos sonhos

Deixei o imaginário seguir o impulso
Como se navega em águas calmas
As suas carícias eram o alimentador
De todas as minhas fantasias eróticas

Osvaldo Teles

Caminhei

Sentei sobre a pedra das lembranças
Lembro de cada momento que vivi
Alguns trouxeram muitas felicidades
Muitos outros me fizeram refletir

Qual era o meu papel nesta história
Peregrinei à toa sem ver o sentido
Das coisas que tanto eu fui em busca
Faltava fôlego para continuar a jornada

Algo me dizia que tinha que continuar
Caminhei sozinho obstáculos encontrei
O meu espírito não estava preparado
Para o que estava para acontecer

Tentei preparar o pobre coração
Para ele não sofrer pela desilusão
Não queria que fosse pego de surpresa
O livre arbítrio, não me deixaram usá-lo

Apaziguei os meus dilemas antigos
Pelejei com os desígnios de Deus
A única coisa que eu queria era força
Para vencer a batalha que fosse imposta

Osvaldo Teles

Bela noite de amor

Depois de uma bela noite de amor
Amanheceu um dia em uma calmaria
Dois corpos extasiados sobre a cama
Ao acender da luz estás ao meu lado

Com sua cabeça descansando em meu peito
O perfume impregnado na minha pele
Perdi o contato com o mundo real
Os sentimentos gritavam dentro de nós

Em uma troca de carinho sem pudor
Despertando os desejos adormecidos
Encaminhei os lábios em sua direção
Sentindo a intensidade da noite passada

Uma linda coletânea de bons momentos
Foram desarquivada da minha memória
Só o que contava era o amor e a paixão
Ali acabará de nascer um amor sem fim

Para sempre nos entregaremos ao prazer
A janela se abre o universo se revela
Mais uma noite de amor intenso se finda
Com você adormecendo em meus braços

Osvaldo Teles

Deixei o pranto rolar

A dor escorria em forma de lágrimas
Fiquei parecendo um triste espectro
Sem vergonha deixei o pranto rolar
Rolou torrencial molhando o rosto

Saudoso ficava preso a sua imagem
O homem chorava como um menino
Esperei cada segundo como o único
Insensato o pensamento se tornou

Expondo o que  meu coração sentia
As perdas fizeram sangrar a alma
As dores faziam apertar o peito doía
Como faca afiada cortando a carne

Na face ficava desenhada seus traços
Na mente a sua fisionomia gravada
Querendo estar contigo neste instante
Sentindo a suavidade dos seus toques

Só queria um pouco da sua atenção
Sua indiferença cortava como navalha
Queria só dengo para estancar o choro
Estando contigo envolvido em seus beijos

Osvaldo Teles

Alterando a magnificência

Regressei aos tempos áureos da infância
A querência de estar ligado ao passado
Alterando magnificência do verbo estar
Buscando munição para as lutas dos dias

Fortalecimento para encarar as dificuldades
Transpondo a linha imaginária do pensar
Encarando a vida adulta com maestria
Debrucei sobre minhas doces recordações

Tornei o meu pântano em um lindo jardim
Coloco as mãos nos olhos como uma tela
O que foi vivido vem tudo na memória
Ressoando a bela sinfonia do amanhecer

Onde o ilusório bamboleia sobre a cabeça
Tudo que eu queria era deparar com a paz
Que as inocentes brincadeiras me traziam
Suplatei a realidade dos meus sonhos

Transitei livremente pelas minhas ilusões
Transição pertinente entre os dois mundos
O sonho e a realidade caminham juntos
Vejo no brilho dos olhos o contentamento

Osvaldo Teles

Solto neste pequeno espaço

Solto neste pequeno espaço do universo
Não estava satisfeito com o que foi oferecido
Propôs-me ir a luta querendo mudanças
O sistema bruto colou muitos empecilhos

Levei amor para encarar as divergências
Que aparecessem no decorrer da jornada
Por mais que eu quisesse não encontrei
Vaguei em busca do meu ponto de origem

Ainda estava preso ao cordão umbilical
Quis por algumas vezes fazer as escolhas
Porém a vida dizia é isto que tenho para ti
Quem disse que contentei com que me coube

No fronte das minhas intermináveis lutas
Fiquei entrincheirado com os meus medos
As feridas foram abertas a cada paulada
Mas o homem amadureceu com as lições

Sempre me perguntei para que a pressa
Se o tempo passou a contar desde do início
O que resta é aproveitar o que foi me dado
Levando tudo na esportiva de bem com a vida

Osvaldo Teles

Sentia sua alma gemer

Ofegante a respiração sai enlouquecente
Nas veias o sangue queimava as entranhas
Sentia sua alma gemer em meus braços
De tantas carícias que teu corpo recebeu

Ali era a comunhão perfeita de dois seres
Corpos e espíritos juntos regozijando
Trêmula a sua voz sussurrada me dizia
Amo está entregue no enlace com você

Beijei os teus lábios com tanta emoção
Como se fosse a primeira vez que te beijei
O belo sendo reativado no pensamento
As pestanas se procuraram para os corpos

Sentirem toda a ternura de duas almas
Que foram talhadas uma para a outra
Estava perdida em desejos e fantasias
Dando ênfase às coisas do coração

Transportei-te para o mundo das ilusões
Estavas tão envolvida comigo que não via
As horas lá fora vagarosamente passarem
Aqui dentro o amor era colocado em prática

Osvaldo Teles

Sou um grão de areia

Sou um grão de areia na imensidão da praia
Insignificante tal qual um zero à esquerda
Isolado era assim que eu me sentia sozinho
Quis achar o significado da minha existência

Quisera encontrar a minha grandeza interior
Viagens interioranas intermináveis eu fiz
Fui arrastado pelas mazelas da humanidade
Levado a mais profunda escuridão da alma

Quedas violentas o meu corpo se submeteu
Sedento de sabedoria que busquei nos livros
Quero explicação para todos acontecimentos
O que me restava era acreditar no impossível

Levantar do mar de lamas que me enterrei
Levantei procurei forças onde não existia
Os joelhos ardiam de tanto que lhe pedia
A fé foi a única coisa que me motivava

Fervoroso rogava aos céus clemência
Acredito que o acaso estava pregando peça
As ideias se condensam em mistura insana
O espírito vagueia alheio a nossa situação

Osvaldo Teles

Farei o impossível

Farei o impossível para arrancar
Dos seus lábios um belo sorriso
Adentrando como um sedativo
Trazendo tranquilidade ao coração

Transitastes livre na minha imaginação
O contentamento expresso no olhar
Como um adorno ao meu rosto
Ver você feliz e o que me completa

Tenho ti como a base da felicidade
Tens o poder transformar uma face
As manhãs são muito mais belas
Agi em mim como um estimulante

Quando desperto com suas carícias
E com um bando de passarinhos
Fazendo cantoria em nosso janela
Sinfonicamente trazendo harmonia

O despetalar dos flores no jardim
Seus perfumes invade alma adentro
Conotando o que se passa no interior
Soltei o que estava me aprisionando

Osvaldo Teles

Perdido nas curvas

Perdido nas curvas sinuosas do destino
Veio aos olhos um grande desespero
Por não saber aonde iria me conduzir
Perdi o sentido de orientação e direção

Estava só totalmente desorientado
As pernas puseram-me  a caminhar
Andei entre espinhos que furaram os pés
Muitas dores eles me causou! Sangro

Digerir bem as minhas frustrações
O coração apertado com muito medo
Muitas lágrimas rolaram pelo rosto
Demonstrando como estou por dentro

Por vezes pensei em desistir de prosseguir
O otimismo fugiu para bem longe de mim
Aprumei para não descer desgovernado
Busquei a sombra do glorioso onipotente

Querendo encontrar a sua valiosa ajuda
Para dá alento a uma alma exaurida
Fixei o foco na chegada querendo repouso
No colo daquela que minha alma escolheu

Osvaldo Teles

Quem dera ter asas

Quem dera ter asas para voar
Desprendendo do plano terreno
Abraçando o anjo que me aguarda
Para devanearmos no plano do amor

O vento topando no meu rosto
Seu som sincronizava meu alçar
Cruzei o sideral em um voo
Cheguei em seu lindo mundo

Em  fração de segundo e deparar
Com as maravilhas do seu ser
Encantamento elas me causou
Parecia que o universo foi aberto

E poder usufruir da liberdade
Que elas podem me proporcionar
Indo além do meu imaginário e ver
Lá do alto tudo que deixei para trás

Só ficando as doces lembranças
Contente com as coisas que conquistei
O que me fez feliz eu guardei no cofre
O que me fez sofrer apaguei da memória

Osvaldo Teles

Quantas noites

Quantas noites a insônia me perseguiu
Consumindo todos os sonhos que tinha
Não conseguia apagar por completo
Vindo a tona todos os meus medos

Quantos planos eu fiz dali para frente
Durante as madrugadas só um pensar
Acumulando todos os planos na cabeça
Pensava como seria o meu amanhecer

Pensei em cada fragmento de momentos
Lembrava os mínimos detalhes do que vivi
Que deixei passar sorrateiro por mim passo
Fechava os olhos para que o sono chegasse

Fiquei madrugadas inteiras a imaginar
Porém só vinha a minha mente lembranças
Passei horas a fio a planejar cada detalhe
De como seria a minha vida daqui pra frente

Pensei em tudo  que estava a incomodar
Fazendo-me tirar o meu sagrado sono
Entreguei os meus rascunhos a Deus
Para Ele mudar o enredo da minha história

Osvaldo Teles

Estou encarcerado

Estou encarcerado no meu mundo
Louco para voar livre no infinito
Querendo desvendar os enigmas
As respostas estão nas entrelinhas

Cadê sabedoria para desvendá-las
Indeciso não sei se me aprofundo
Ou se continuou na superficialidade
A chave está no buraco sem fundo

Num espaço obscuro me encontro
Uma angústia me apertava por dentro
Padeço dos males crônicos do solidão 
Em um paradoxo sinto o meu corpo

Deixando-o totalmente estático
Mergulhado em um poço de aflição
Aflito tento encontrar uma saída
O cerco cada dia aumenta mais

Orei ao supremo pedindo sua ajuda
Peso a ajudo do guardião supremo
Expulsei a tristeza de me acometia
Blindei os quatros cantos com amor

Osvaldo Teles

Obra do destino

Tudo era apresentado fora do contexto
Andava solitário pelas longas estradas
Eu e os meus conturbados pensamentos
Não foi por acaso que nossos caminhos

Cruzaram-se de uma forma inusitada
Até hoje pergunto se foi obra do destino
Foi artifício do amor para unir dois seres
No mesmo compasso harmônico do amor

Apreciei a beleza da sua expressão facial
Acompanhei encantado o seu caminhar
As passadas pareciam está valsando
Festejando este maravilhoso encontro

Trazendo muitas felicidades aos dias
Uma nova criatura acabará de nascer
Mudando a minha maneira de viver a vida
Risonha a minha alma se transformou

Deixando nos lábios o sorriso estampado
Fui acometido dos males da paixão aguda
Por isso fui levado a um delírio constante
Vivia em um estado de graça extasiante

Osvaldo Teles

Debulhei um rosário

Debulhei um rosário de joelhos contrito
Fiz oração com muito fervor e devoção
Com minha cabeça erguida para o céu
O manto sagrado foi colocado na cabeça

Buscando subterfúgios para os pecados
Dando alívio para o corpo e a alma
Flutuei com toda leveza que ganhei
Agraciado foi com a sua divina bênção

Renasci fortalecido em Jesus Cristo
O homem tornou-se Santo em sua graça
Quando deixei Deus tomar conta de mim
Assumindo o comando dos meus atos

A beleza do celestial a mim revelado
O seu esplendor me foi apresentado
Com tudo todavia estou aqui límpido
Das máculas que o mundano deixou

Diante de um Deus de benevolência
Entretanto me encontrei comigo mesmo
A alma em júbilo festeja o reencontro
Acordando sonhos até então adormecidos

Osvaldo Teles

Seguir confiante

Tendo a fé como o meu amuleto
Invoquei a bendita esperança e partir
Na certeza que Deus me protegeria
Fiz o sinal da cruz pedindo proteção

Não vacilei fiquei atento às armadilhas
Sem temer o desconhecido adentrei
Seguir confiante que chegaria intacto
Mundo a fora preparado e munido

Para as lutas que estavam por vir
Os pedregulhos machucam os pés
Encontrei  obstáculos no caminho
Perseverante ultrapassei um a um

Não recebe no final os louros da vitória
Vi as sementes deixadas às margens
Germinarem e crescerem frondosas
Só não sabia que teria de colher os frutos
Das sementes que deixei pelo caminho

Fui vitorioso em algumas empreitadas
Em sua maioria saí derrotado! Levantei
Porém com a certeza que poderia
Dar a volta por cima e voltar mais forte

Osvaldo Teles

Sabatina da vida

Na difícil sabatina da escola da vida
As questões que foram apresentadas
Nem todas poderão ser equacionadas
Algumas ficaram indefinidas nas ideias

Sendo eu o resultado desta equação
Onde está o conteúdo da existência
Sempre ficou faltando algo no conjunto
As perdas e ganhos não se equilibram

Contendo apenas as lacunas vazias
A ser preenchidas com o que não continham
As respostas que não foram respondidas
Paulatinamente adicionei as experiências

Que foram adquiridas com as duras perdas
Fui alternando com ironia e a maiêutica
Querendo chegar a minha definição
E com elas ficar satisfeito com as respostas

A performance aos poucos foi somada
Com a forma de encarar as decepções
Que tive de aceitar por alguns momentos
Fazendo-as a mola propulsora das vitórias

Osvaldo Teles

Carrego o estigma

Carrego o estigma da descendência
Homens livres foram escravizados
Em imundos porões foram transportados
Sangue escorria por todo o seu corpo

Rogaram veemente clemência Divina
Parece que não chegaram aos ouvidos
Os seus clamores ficaram perdidos
Não tem como limpar esta triste mácula

Deixada por séculos de escravidão
Fui gerado em um leito de miséria
Não tive como desviar da minha sina
Os traços trouxe da minha família

Meu pai me fez o mundo que me criou
No ventre o meu embrião foi gerado
Vim ao mundo refém da minha origem
Puseram-me em um mundo que não pedi

Já nasci batalhando contra a morte
A certeza que morreria de inanição
Fruto da ganância de uma sociedade
Onde a sua hipocrisia é dominante

Osvaldo Teles

Magnífico momento

Quis um dia está envolto contigo
Sem conter os desejos contidos
Aguardava ansioso a sua chegada
Este magnífico momento esperei

Tomado por uma suave sensação
O corpo vibrava de expectativa
Os ouvidos ficaram aguçados
Para ouvir as suas passadas

Lúcido queria os pensamentos
Para que eu soubesse o que fazer
Oscilavam momentaneamente
Envolvido fiquei com sua ternura

Uma forte força me tira o controle
Tudo que planejei foi para o beleléu
Deixei o acaso fazer o seu papel
Uma lindíssima história de amor

Estava sendo devidamente escrita
O enredo vai desenrolar livremente
Alternando momentos de felicidade
Com algumas cenas de tristeza

Osvaldo Teles