domingo, 17 de novembro de 2013

As lágrimas molham-me a face

As lágrimas molham-me a face
Irrigam com pranto o sabor da amargura
Todas as feridas foram abertas
Mas nenhuma sentiu a força de tua sutura
Os ferimentos são prova: não és invulnerável
És convulso de dor
e deixas para trás o resto de tua vida
Sentes o mundo se acabar
Mas não chegaste à metade do caminho
Tudo era querer antes das rosas
Foste ao erro de entregar-te, coração
Não sabes se seria melhor viver o todo
Ou congelar a alma na solidão eterna
Não te queres mais sentir
Só olvidar
Levar consigo a semente da dor
Tua verdadeira companheira
As lembranças são como a corte da morte
Que quer te seduzir à acompanha-la
Quem és tu coração!?
Que corres contra o tempo de tua vida
Somente para sofrer o amor que lhe parece findo?
Deixas tu, a alma e o corpo sofrerem as dores as quais te entregaste
E embota de horrores a minha noite
Não me deixas abandonar a insônia
E faz-me lograr o êxito de sofrer
De arregaçar-me as mangas
E bater em minha própria face
De punhos cerrados
Para que o inchaço e o ódio do corpo
Não me deixem ver aquela face
Não mereço sofrer
Nem fazer sofrer
Não quero que o mundo veja-me nu.
Encolho-me à solidão e deixo a tristeza lavar a minha alma
Já que não sei mais o que é viver.
Deixai-me aqui, só.
Um dia aprenderei novamente a andar.
Até lá, que de mim nem cinzas restem…


Alexandre Teles

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