quinta-feira, 30 de maio de 2013

Quero



Quero que todos os dias do anotodos os dias da vidade meia em meia horade 5 em 5 minutosme digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,creio, no momento, que sou amado.No momento anteriore no seguinte,como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustãoque me amas que me amas que me amas.Do contrário evapora-se a amaçãopois ao não dizer: Eu te amo,desmentesapagasteu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.Não exijo senão isto,isto sempre, isto cada vez mais.Quero ser amado por e em tua palavranem sei de outra maneira a não ser estade reconhecer o dom amoroso,a perfeita maneira de saber-se amado:amor na raiz da palavrae na sua emissão,amorsaltando da língua nacional,amorfeito somvibração espacial.
No momento em que não me dizes:Eu te amo,inexoravelmente seique deixaste de amar-me,que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetidoEu te amoamoamoamoamo,verdade fulminante que acabas de desentranhar,eu me precipito no caos,essa coleção de objetos de não-amor.Carlos Drummond de Andrade

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