domingo, 20 de setembro de 2020

Corto a caatinga

Corto a caatinga no meu cavalo

Com agilidade de uma ventania

Indo atrás do boi que se perdeu

Dentro da mata fechado adentrei


No sertão adentro fiquei perdido

Ia dando dribles nos mandakarus

Com seus espinhos pontiagudos

Touceira de jurema me esperava


O meu gibão é a minha proteção

Protegendo-me de seus espinhos

Ao meu lado a solidão galopava

O tocador de boiada seguia a sina


Tocava a boiada e minhas mágoas

A cantiga de vaqueiro ia cantando

No badogue derrubava as pombas

A sombra do ingazeiro descansava


No trago da pacaya as ideias viajam

Um punhado de farinha e rapadura

Jogava na boca para matar a fome

Na cabeça tomava uns goles d'água



Osvaldo Teles

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