sábado, 5 de maio de 2018

Puxando cobra para o pé

Capinei a terra com a enxada
Puxando cobra para o pé
Arranquei toco pela cepa
Os calos brotavam nas mãos
Trabalhei de sol a sol
Seguindo as fases da lua
Para fazer a plantação
Dei um duro danado da peste
O suor escorria pela testa
Fiz do mato o adubo
Para fortalecer o solo
Botei a maniba para crescer
Labutei sozinho mais na hora
Da colheita não sei de onde
Saíram tantos bichos vorazes
Querendo também compartilhar
Ainda querem o maior quinhão
Ficando a menor parte para mim
Lagarta perversa do sistema
Não deu nenhuma força
Das suas folhas veio se alimentar
O burro o porco quebra a maniva
Com intuito de devorar tudo
Saboreando o que não cultivaram

Osvaldo Teles
Foto Cândido Portinari

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