O sol entrava entre as palhas
As friagens corroendo a carne
A grande senzala ardia de frio
Espectros humanos ali jaziam
No manto negro da sociedade
Igual o bicho levava chicotada
No pé do tronco era o castigo
O corpo ficava em carne viva
Os seus pedidos não chegava
Aos ouvidos do Deus Criador
Os clamores ecoavam no céu
Pedia a Deus a sua clemência
As lágrimas da dor escorriam
Cheguei suplicar sopro divino
Para aliviar as minhas feridas
As vezes penso que esqueceu
Que também sou um filho seu
Arrancado brutalmente do seio
Chora mãe a falta do seu ente
Que jamais voltará ao seu leito
Osvaldo Teles
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