sábado, 3 de dezembro de 2016

A chuva escorria

A chuva escorria pela vidraça
Tudo escuro aqui dentro
Na rua à neblina deixava tudo cinzento
O vento procurava uma fresta para entrar
A minha sorte é que estás comigo
Para proteger-me do frio congelante
A tua pele é o meu  agasalho
A tua quentura torna-me indolente
Quando as dermes se encontram
Arrepios causa-me quando a sua língua corre
Por toda às partes do meu corpo
Um fogo consome o cerne quebrando o gelo
Foram noites tumultuadas teu peito roncava
Como trovões, seus olhos faiscavam
Iguais aos intensos relâmpagos, anjo meu
Atravessamos juntinhos muitas tempestades
Os trovões nos deixavam estremecidos
Forçando-nos a ir ao encontro da harmônia
Os corpos confundiam-se um com o outro
Os ponteiros já não avançam com a mesma velocidade, ganharam cadência
Delicadamente a atmosfera leva-me
O tom cinzento, a chuva já não incomoda
O arco-íris risca o céu depois das chuvas
Onde o fazes descansar no meu peito
Dissipou todo o nevoeiro ao nascer do sol

Osvaldo Teles

Nenhum comentário:

Postar um comentário