segunda-feira, 19 de junho de 2017

Vim da roça

Vim da roça com seus sabores e cheiros
Homem rude porém a humildade guia-me
Meu cachorro piaba deitado em baixo
Da jurema o tempo passava sem ser notada
A vaca mimosa mugia lá no curral
O cavalo importante desfilava no pasto
As aves no topo das árvores faziam sinfonia
Para descansar da lida me jogava na rede
Que fica dependurada no alpendre
A nega se chegava toda dengosa
No balanço da rede amor eu lhe dava
Naquele momento todo lá fora paravam
Não ligava para nada estava com a amada
Parecia que tudo passava em câmara lenta
O coração palpitava ao ritmo das emoções
Fugaz entregava-me aos seus encantos
Trazendo-me as mais belas sensações
Tudo casava perfeitamente corpo e alma
A calmaria ia assumindo o ambiente
Os vaga-lumes conduziam os sonhos
Que eram alimentados em seus lábios
O aroma embriagante que fluía do jardim
Era o perfume que perfumava o nosso ninho
Um gole de pinga desnorteava os sentidos
Anestesia das dores dos dias corridos
Era o seu aconchego e o teu aperto no peito
O canto do cardeal era serenata de amor
Não tenho como esquecer a minha origem
Trago os traços na face das lembranças
Que o tempo que se encarregou de marcar

Osvaldo Teles

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