domingo, 14 de agosto de 2016

Esperei-te

Esperei-te muito, muito tempo
Cancei da espera angustiante
Olhava para o relógio, o seu badalar
Deixava-me desnorteado
Fixava no espaço vazio
Nem o seu vulto eu avistava
Esvaziando o conteúdo do recipiente
Da paciência, extravaso toda irá
Deixei o coração limpo
Está tudo preparado
Esperando a sua chegada
Sentado à beira do caminho
Fico persuadido quanto te avisto
Atoa ficaram os olhos, solto ao leu
Sobre a sombra refrescante te aguardo
Os pingos de chuva caindo no chão
O cheiro da terra molhada
Vai me acalmando até a sua parada
Vislumbro no final da curva sua presença
Sei lá quando vás se achegar
Quero  ter o seu chamego
Tornando o abstrato em concreto
Ouvindo os cantares dos pássaros
Vai me levando a lugares distantes
No rodopio do vento a poeira fica no rosto
Os pedregulhos machucam os calcanhares
Não sei falar de amor sem me retratar a ti
Louco de primores por ti, traz-me alento
Tranqüilizando-me da  minha aflição
Vou lhe dá boas vindas sem rancor
A única coisa que eu quero
É os seus beijos no ponto de chegada

Osvaldo Teles

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