sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ando por aí sem face

Ando por aí sem face, passo despercebido
Esquecido pelo sistema, escravizado
Invisível, para a sociedade hipócrita
Milhares de rostos, passam insensíveis
O cão chama mais atenção, que as súplicas
Transparente, transcorro abandonado
Sigo sozinho, no meio da multidão
Desiludido com, os políticos corruptos
Jogado à própria sorte, sobre a calçada
Em estado de putrefação, um corpo humano
Da imundície do lixo, tiro o alimento
Os germes da indiferença,corre a esperança
Fazendo a alma perecer, de isolamento
Quando o dia deita-se, e a noite  levanta-se
Sinto o frio corroendo, os meus ossos
Sinto o beijo gelado, da fria madrugada
Sejo em mim as marcas, dos trompaços
Que levei no decorrer, da minha existência
Volto-me ao céu, busco a imagem de Deus
Um corpo prostrado pede, a sua clemência
A alma já não  me pertence,só instinto
Instintivamente vou sobrevivendo, há vida
Dentro de uma, carcaça apodrecida
De mão estendida busca,a compaixão alheia
Na pinga tento atenuar, a maldita solidão
Não tem nada de meu, a não ser a culpa
De ter fingindo ser, o que nunca fui
Maltratei sem querer, um Deus que me protegia
Acabando o  amor próprio,que tinha em mim
Fui perseguido implacavelmente pelo sistema
Enquanto covil de ladrões de Brasília
Furtaram descaradamente a minha esperança

Osvaldo Teles

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