segunda-feira, 24 de junho de 2013

Vagamundo


No vai e vem dos dias
O sol aquece o corpo
No descompasso da noite
A lua ilumina a escuridão

O sentimento fica relegado
Oculto no coração de alguém
Viro um vagabundo
Esperando encontrar o além

O senhor terá compaixão
Na hora do juízo final
Já paguei todos os pecados
Neste mundo infernal

Como um vadio a vagar
Nas noites reluzentes
Procurando uma marquesa
Para o esqueleto relaxar

As relíquias estão guardadas
No cofre da ilusão
Passo a noite papeando
Com os colegas de aflições

Não sou vagabundo
Sou resultante do descaso
De políticos corruptos
Que me tirarão a crença

Tirando-me do rosto a alegria
Ofuscando dos olhos a fé
Desviando o poder terapêutico
Do afeto e do amor

Tira o alimento do lixo
Não mastigo, engulo
Para não sentir o gosto infecto
Em estado de putrefação

O meu teto
É um manto azul
Com estrelas e lua bordadas
Pela mão do artesão maior.

Osvaldo Teles


Nenhum comentário:

Postar um comentário