Desfaço no peito a oração da fé
Até mesmo as rezas para São José
Não surtiram nenhum efeito a chuva não caiu
Literalmente vendo o tempo passar
Sem vislumbrar nenhuma melhoria
O sertão amado vai ficando para trás
O destino perverso não muda a sina
A seca castiga sem dó e nem piedade
Deixando o solo todo rachado
Os pés de feijão secando no roçado
Minha boneca de milho já morreu no pé
Açucena que era flor resistente
Não aguentou o calor se entregou
No topo das árvores já não canta o sabiá
O riacho que corria está seco
Matando de sede os animais no curral
O funeral do João retrata a vida no sertão
Cada enxadada dada no solo ela trincava
A esperança era sepultada com o João
Os urubus sobrevoam os bichos
Prestes a morrer de fome
Só estavam em pele e osso
A sombra do umbuzeiro o sol a devorou
A cabra que dava leite também morreu
Agora tristonho vou deixar a minha terra
Vendi o resto que me sobrou
Como asa branca fui embora
Com uma vontade danada de voltar
Mas o sertão é fértil quando a chuva cai
Tudo naquelas paragens florescem
Fazendo o sertanejo renascer das cinzas
Fazendo o sertanejo renascer das cinzas
Nenhum comentário:
Postar um comentário